21/03/07
"Só"
Não fui, Na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio do rio, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alterava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demónio, ante meus olhos.
5 comentários:
Que bonito ;)
Sim...
O Edgar Allan Poe, apesar de não ser considerado um poeta, pois escrevia na sua maioria contos e não poemas, escreveu este que enche perfeitamente as minhas medidas.
O Fernando Pessoa é que fez muitas das traduções dos poemas e contos dele para português.
Adoro poesia, e Edgar Allan Poe é muito bom! Mas eu sou suspeita, tá para nascer um poeta de quem eu não goste!
Sublime.
Excelente escolha VK.
É pena que tenham que ser os blogues a lembrar o dia. A cultura caminha pelas ruas da amargura.
Um povo sem educação torna-se a melhor forma de nos algemarem.
[[]]
Muito bem dito Teixas. E Portugal sofre muito com essa falta de cultura.
Somos todos os dias bombardeados com coisas insignificantes, principalmente pela Tv...
Ainda bem que há os blogues para divulgar e trocar ideias sobre a vida em si... sobre o quotidiano.
Obrigado pela presença mais uma vez.
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