24/02/07
O novo album dos nova-iorquinos LCD Soundsytem está a chegar, mas já há uma revisão ao album por parte da revista Blitz.
Eu já o ouvi e posso dizer que está muito bom, embora peque pela falta de temas mais "catchy", como era o caso do seu antecessor, com temas como Tribulations e Daft Punk is Playing in my House.
A revisão do album fica a cargo do jornalista Rui Miguel Abreu.
"Depois do namoro com o gigante Nike em «45:33», tema pensado para acompanhar «joggers» durante três quartos de hora e distribuído através do iTunes, Sound of Silver, o segundo álbum dos LCD Soundsystem, apresenta-se em toda a sua glória ao mundo. Com a edição de LCD Soundsystem, em 2005, James Murphy e Tim Goldsworthy sintetizaram todas as mudanças de eixo de inspiração que a nação indie já vinha a ensaiar há algum tempo.
Nova Iorque era, realmente, «the place to be» e a mistura daquilo a que correctamente chamaram «record collector rock» (Can, Talking Heads, Liquid Liquid…) com o grave pulsar da música feita para dançar resultou numa vibrante cena que, no entanto, raramente se estendia convincentemente para lá dos formatos funcionais para DJs, os maxis. Sound of Silver pode, por isso mesmo, ser o primeiro «magnum opus» desta geração específica.No último tema deste álbum, «New York I Love You, But You’re Bringing Me Down», Murphy canta «New York you’re perfect, please don’t change a thing» e «New York I love you, but you’re freaking me out» num tom que se encaixa perfeitamente na «tradição» iniciada por Lou Reed em «Perfect Day» e que os Beastie Boys prosseguiram com To The 5 Boroughs – declarações de amor a uma cidade que é tão imaginada como real. James implora «take me off your mailing list/for kids that think it still exists» com pleno sentido de humor – mas igualmente de forma sentida. Mais do que uma carta de amor, esta canção (e este álbum) é uma carta de desencanto, com a dose certa de dualidade de sentimentos, abandono e política. Em «North American Scum», James Murphy afirma ironicamente «for those of you who still think we’re from England/we’re not, no» e de alguma forma somos atirados directamente para as entranhas do CBGBs em 77 ou 78. Esse é o ponto forte de Sound of Silver: a forma como se evoca o espírito de uma certa Nova Iorque combativa da era punk, pois claro, mas ao mesmo tempo se investe fundo num puro hedonismo dançante. Equilíbrio perfeito. Talvez o pormenor que faltava em LCD Soundsystem e que agora é esculpido ao pormenor, com ritmos sintetizados, «cowbells», baterias reais, camadas de verniz analógico dos sintetizadores e faíscas de guitarras. Sound of Silver tem alma e estilo, conteúdo e forma, ideias e grooves. Tem rock. E tem disco-sound. "
Nova Iorque era, realmente, «the place to be» e a mistura daquilo a que correctamente chamaram «record collector rock» (Can, Talking Heads, Liquid Liquid…) com o grave pulsar da música feita para dançar resultou numa vibrante cena que, no entanto, raramente se estendia convincentemente para lá dos formatos funcionais para DJs, os maxis. Sound of Silver pode, por isso mesmo, ser o primeiro «magnum opus» desta geração específica.No último tema deste álbum, «New York I Love You, But You’re Bringing Me Down», Murphy canta «New York you’re perfect, please don’t change a thing» e «New York I love you, but you’re freaking me out» num tom que se encaixa perfeitamente na «tradição» iniciada por Lou Reed em «Perfect Day» e que os Beastie Boys prosseguiram com To The 5 Boroughs – declarações de amor a uma cidade que é tão imaginada como real. James implora «take me off your mailing list/for kids that think it still exists» com pleno sentido de humor – mas igualmente de forma sentida. Mais do que uma carta de amor, esta canção (e este álbum) é uma carta de desencanto, com a dose certa de dualidade de sentimentos, abandono e política. Em «North American Scum», James Murphy afirma ironicamente «for those of you who still think we’re from England/we’re not, no» e de alguma forma somos atirados directamente para as entranhas do CBGBs em 77 ou 78. Esse é o ponto forte de Sound of Silver: a forma como se evoca o espírito de uma certa Nova Iorque combativa da era punk, pois claro, mas ao mesmo tempo se investe fundo num puro hedonismo dançante. Equilíbrio perfeito. Talvez o pormenor que faltava em LCD Soundsystem e que agora é esculpido ao pormenor, com ritmos sintetizados, «cowbells», baterias reais, camadas de verniz analógico dos sintetizadores e faíscas de guitarras. Sound of Silver tem alma e estilo, conteúdo e forma, ideias e grooves. Tem rock. E tem disco-sound. "
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